23 de outubro de 2007

O último perfume do Rei Narigão

Era uma vez um rei viúvo, velho e malvado que tinha uma única filha, jovem e bela.

O rei tinha um nome comprido, nobre, grandioso, daqueles de que só os reis podem usufruir...

Mas todos os súbditos simplesmente o chamavam de Rei Narigão, pois ele tinha um dom: conseguia distinguir com precisão todos os odores, todos os perfumes, todos os aromas.

Era ele ainda muito jovem, e já cometia a ousadia de desafiar os sábios de entre os sábios do Reino da Organdilândia, ao mesmo passo que escarnecia dos famosos perfumistas do Principado da Lavandilândia.

Tão altiva e imprudente atitude valeu-lhe as críticas veladas dos conselheiros do reino, mais experientes e prudentes do que o jovem rei, mas isso não o apoquentou. Não houve cheiro que se lhe escapasse, e, ao desafio, acabou por acrescentar aqueles reinos ao seu novo Império.

Com perseverança e treino, o rei foi aprimorando a sua técnica. E a lenda foi crescendo. Dizia o seu povo que, com o passar dos anos, ele conseguia até sentir o odor das coisas sem odor: como os pensamentos ou os sentimentos.

Isso fazia dele um rei muito poderoso. Sabia sempre quando lhe estavam a mentir, pois, quando o tentavam enganar, sentia um cheirete a vinarrascão (que o rei explicava, aos poucos súbditos a quem dava confiança, ser como que um aroma a vinagre barato de vinho carrascão).

E, sempre que sentia esse cheiro, mandava o mentiroso para o fosso dos jacarés, que eram os seus animais de estimação predilectos. Não tanto pelo seus olhos pintados de âmbar, perfil esguio ou a textura de bicho escorregadio, mas mais pelo seu odor a leite azedo.

(continua, se der na gana ao insane escriba)

1 comments:

Anónimo,  25 de outubro de 2007 às 12:45  

E depois? E depois?...Quando é que chega a parte da jovem e bela?

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