18 de abril de 2007

Rita


O dia nasce injusto. Como é possível o sol brilhar tanto no dia em que o meu frágil amigo vê a sua mãe ir-se? Abraço sentido, Luís, mas de que te serve este gesto? Faço o meu melhor, talvez te sirva de algum minúsculo consolo, ansio, já não era nada mau. Mas o dia termina em milagre. Expectativa do ansiado reencontro com os amigos que pensava que tinha perdido. Ansioso, estou, e muito. Preparava-me para partir ao à procura do reencontro, pensando que não podia falhar, preciso de vocês como o sal precisa da água. Oiço o telemóvel, é a minha amiga, pergunta-me onde estou, eu à procura de um livro que lhe queria oferecer, como gesto de humildade, de pedido de perdão. Preciso de vocês. Apresso-me a dizer "estou a sair, estou a sair", ainda antes de ouvir a sua voz, estou a correr à vossa procura, rogo-te não se irritem por estar atrasado, só quero comprar-te o livro que te quero oferecer, gesto de humildade, pedido de perdão. Preciso de vocês. Como o sal precisa da água. E tu com voz esquisita, não, não venhas a nossa casa. Em centésimos de segundo, o meu cérebro levita, suspende-se em, transe, o que se passa, que desgraça vem aí, porque me perguntas onde estou, se estou no Saldanha, e precisamente aonde? Tit, atravessa a rua, estamos na Maternidade Alfredo da Costa, a Rita, do Dani, vai nascer. Onde? Maternidade, qual maternidade, a Rita, qual Rita, o Dani, qual Dani, sim, claro, o Dani, desperta Tiago. Não acredito, que milagre, o reencontro é com toda a (minha) gente de uma vez só. Que se lixe o livro, que se lixe a casa nova, que se lixe a Nouvelle Vague, que se lixe tudo, o dia vai terminar perfeito. O reencontro é inimaginável, para lá de qualquer sonho, de um sopro reentro na vida dos meus amigos, com toda a filharada cujo crescimento não presenciei, mas que acompanharei, dos irmãos dos amigos, com toda a filharada, dos avós, esse lindo e feliz casal de avós, tão juvenis, celebrando com um beijo sentido o seu neto "treuze", dizem-me, "há muito tempo que não te via, estás igual, seco de carnes", dizem-me. E o jeito do Tuli em me fazer as perguntas certas, ao seu ritmo, sem preconceitos, sem julgamento. E a pergunta da Sophie, depois de todos estes anos, "E tu, estás bem?", essas noites insomnes, passaram?, como se nada eu devesse depois do que (não) fiz, e o olhar sincero de alívio quando lhe digo "estou muito melhor". E aquele abraço, que só os verdadeiros amigos podem oferecer, que substitui qualquer palavra. Obrigado, Tuli, obrigado Sophie. Sobretudo, Obrigado, Rita. Sê bem-vinda.

1 comments:

Anónimo,  20 de abril de 2007 às 15:45  

"E onde é que estavas no 25 de Abril?" Eu sei, mas não digo... ;)

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